sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O artista


Alma pequena, sensível e sonhadora
Te aquietes no palco da tua alma
Porque a vida não é as tuas poesias.

Porque os homens não recitam versos
Não cantam estrofes
Não escutam a melodia.

Aquietes dentro de ti
Porque não há mecenas que patrocine a tua arte
Deixe morrer o artista, o menestrel, o trovador
E o jogral também
Deixe, deixe
Deixe morrer.

Assim como no amor de Julieta e Romeu
Crave o punhal em teu seio
Deixes morrer as palavras quem emanam da tua alma
Pequena, ingênua, solitário
Incompreendida...
Pela última vez: te aquietes no palco da tua alma.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Sentir

Gosto de pensar longe
Enxergar grande
Sentir profundo.

Gosto de ruminar idéias até que elas se desgastem
Gosto de fazer as coisas passarem por todos os meus sentidos
Gosto de deixar as coisas penetrarem os meus olhos
Gosto de sentir o sabor: amargo, doce, não importa
Gosto de senti-lo.

Gosto de ouvir os sons das coisas: seja calmo, seja férvido
Gosto do toque
Do sentir com as mãos
Gosto de deixar as percepções invadirem o meu ser
Gosto do movimento
Do fervilhamento que elas fazem dentro de mim

Gosto de indagar: encontre eu as respostas ou não
Gosto de procurar um sentido
Observar os caminhos múltiplos
Gosto de discutir comigo mesma
De fazer desordem em meu ser
Pois é desse caos de dúvidas
De moedas de múltiplas faces
De certezas e incertezas
De julgamentos precipitados
Dessa erupção no caldeirão fervilhante do meu ser
Que renasce a ordem
A paz em meu ser

Gosto desse caos
Dessa tempestade que lava
Desse vento que leva para longe
Desse furacão que passa por mim
Passa; simplesmente passa.

Gosto dessa calmaria
Que chega quando a tempestade vai embora
Que me traz a calma
A paz
O entendimento
A satisfação intima que não se explica com palavras
Mas, sim, com o sentir
Com o deixar-se perpassar pelos sentidos
Com o ser sensível.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Onde

De tão pouco se envaidece o homem...
As pessoas não mais são grandiosas pela nobres atitudes
Mas, sim, pelo que possuem.

Tudo é tão natural, efêmero 
Mesquinho... pequeno
Envaidecer-se de quê?
Grandioso e rico é Deus
Que está no céu a entristecer-se das nossas tolas vaidades.

Tudo se esvai...
vira pó, poeira,
Cinza.
Se despedaça; vira fumaça

Onde estão os bons sentimentos?
Onde? Já não sei dizer...

Somos todos irmãos ou rivais num campo de batalha?
Onde moram o amor, a amizade?
Onde?! Já não sei dizer...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Arranca-me

Arranca-me os olhos, ó Deus!
Tapa-me os ouvidos e a boca!
Eu não mais quero ver além da pele.
Na carne vermelha, fria e ácida
Vejo fervilhar os vermes nascidos da putrefação do orgulho, do cinismo e do sarcasmo,
Dessa podridão que se esconde nos porões da alma humana.
Livrai-me, ó Deus, desses sentimentos impuros e mesquinhos
Dessa imundície que atrai para si as moscas.

Arranca-me, ó Deus, esses olhos que a tudo vê sem camuflagem
Esses olhos que agora choram porque traduz em lágrimas a revolta sufocada.
Arranca-me! Arranca-me!
Tapa-me os ouvidos que capta não os sons, mas os sentimentos mesquinhos da alma humana.
Cala-me a boca, ó Deus, para que eu não fale o que os outros ainda não querem ouvir...

Leva de mim, Ó Deus, essa vontade louca de dizer as minhas “verdades” ao mundo...

Medo

Na escuridão da noite procuro me confortar.
Barulhos leves e sombrios me atormentam.
E no acelerar do meu coração e na angústia da noite
Tenho vontade de chorar.
Pensamentos sombrios, presença de alguém ao meu lado.
Sombras, vozes... Loucura... Apenas loucura minha!
Maus pensamentos.
Estou com medo. O que fazer?!
Esconder-me do meu próprio medo, chegando a sufocar-me,
Perdendo-me no meio de mil pensamentos.
Tenho medo de respirar... Um suor frio escorre no meu corpo gelado.
Noite fria e sombria, porque tanto custa a passar?
Se esconda! Dê lugar à luz do sol, devolva-me o meu ar!
Liberta-me do meu próprio medo
Companheiro de todas as noites sombrias e geladas.

De pedra

Em castelos de pedra minha dor se petrifica.
A condenada e prisioneira da dor, da angústia e do tédio
Eu sei que sou...
E nada mais sei... E nada mais eu saberei dizer de mim.
Choro minhas lágrimas com os olhos da alma.
 Minha alma que nunca se acalma.
A dor que sinto, a mágoa que carrego,
A saudade que tenho... E vivo a espera de quem nunca chega.
Sinto saudades...
Afogo-me num mar de dor por ser a excluída do mundo,
A odiada, a temida e apedrejada.
Por que todos riem de mim? Por quê?
Quem eu sou?
Sou o seio da terra que fora rasgado com o arado cruel.
Sou a ferida que sangra.
Sou tudo que dói e que rasga, que deixa dor,
Saudade...

domingo, 10 de outubro de 2010

Você pode

Você pode até viver de aparências, 
Mas, se perder a essência, será como todos os outros: alienado.
Você pode até cobrir-se com as mais belas e caras vestimentas, 
Pode corrigir imperfeições, maquiar-se, 
Mas jamais poderá mascarar a própria dor, o sentimento de impossibilidade.
Jamais poderá acobertar de si mesmo, e muito menos de Deus,
Seus piores defeitos, suas maiores imperfeições e nenhum de seus pecados.
Você pode envaidecer-se do que sabe ou mesmo do que tem
Pode diminuir, humilhar ou destruir alguém
Com a má aplicação tanto do seu conhecimento quanto do que tens
Mas quando o véu das ilusões ceifar dos teus olhos
Humilhado e destruído te sentirás diante da pequenez da tua alma.

A beleza do mundo

Onde está a beleza do mundo?
E de imediato respondo:
Está no nascer do sol
Na chuva que cai fininha... suavemente
Está no piscar das estrelas alegrinhas 
Que riem de nós aqui embaixo
Ah!  A beleza do mundo está na lua solitária,
Que embora sozinha, nunca deixa de iluminar.
Está no fogo aceso, na madeira que vira cinza.
Está no colo de mãe quentinho e gostoso... calminho
Na água do mar, na sua extensão...
Na água que corre e nunca para
Mesmo que não haja um destino final.
Ah! A beleza do mundo está nas pedras 
Que a tudo presenciam silenciosas.
Nas flores que sorriem
Nas borboletas que dançam no ar
Nas folhinhas da árvores que balançam calminhas
Embaladas pelo vento suave
Nas árvores que pedem um abraço
No velho que muito já vivera
E traz no rosto as marcas de sua história.
Ah! Mas a maior e mais pura beleza da existência humana
Está nas crianças e nos "loucos"
Ambos brincam com as flores
Correm atrás das borboletas
Conversam com a lua e as estrelas
Contemplam o nascer do sol
Se maravilham diante do fogo
Se refugiam no colo de mãe... 
E vivem a beleza do mundo.
São, na própria essência, a beleza oculta do mundo.
Por isso, amo as crianças, admiro e muito estimo os "loucos".

sábado, 9 de outubro de 2010

O que é o mundo?

O mundo é uma disputa 
Onde todos querem atingir o mais alto degrau
Muito se corre, pouco se alcança
Ganha-se pouco, perde-se ainda muito mais
Perde-se o tempo que nos é destinado a crescer
Moral, intelectual e espiritualmente...

Muitos veem
Mas, infelizmente, poucos são os que enxergam!

Em Roma

Amar, amor
Em Roma
Teu aroma
Meu néctar todo em flor

Beija-flor
Borboleta
Passarinho
Nosso ninho
Meu casulo

Meus desejos, fantasias
Meu ápice, meu suspiro
Meu grito sufocado 
Que sempre fala por mim.







Eu quero amar

Eu quero amar: ninguém
E serei sempre amada 
Na boca dos que mentem bem

Eu quero braços
E bocas e beijos
E sussurros
E promessas absurdas
Ah! Eu quero amar: ninguém

E de amor quero morrer
De êxtase, de prazer... Loucuras
Ah! Eu quero amar: ninguém



Ser poeta

Ser poeta é ter olhos e saber usá-los
É ter olhos para ver e enxergar
Ser poeta é encontrar beleza na feiura
Contentamento na dor
Alegria no sofrimento
E aprendizado em tudo isso.
Ser poeta é ser borboleta
É ser flor, pedra,
Passarinho
É ser viajante no trem da imaginação.
Ser poeta é ser criança
E meio louco até
Ser poeta é, verdadeiramente, começar a ser sábio.