domingo, 29 de abril de 2012


Há tanta coisa que eu queria te falar
Falar no silêncio de um abraço, de um olhar cúmplice
Da tua mão a segurar a minha.

Queria


Tento apanhar as palavras, 
mas elas fogem de mim quando quero falar de ti...

Quando quero falar-te.

Queria compreender este sentimento: 
admiração? Atração? Carinho?

Queria beijar-te os lábios
Setni-los... o sabor, a suavidade, o gosto da tua boca.

Queria o meu rosto no teu rosto... 
O calor das tuas mãos a aquecer a minha nuca.

Queria sentir o fervor do teu corpo ao encontrar o meu.
Queria... apenas e somente: você!

segunda-feira, 16 de abril de 2012


Alimentei-me da dor
E ainda assim, sobrevivi
Superei os meus medos
Sufoquei a minha angústia
E ainda assim, sobrevivi
Carreguei, por toda a vida, um sentimento de culpa
Que crime cometi?
E eu era criança, mas roubaram a minha inocência
Há tempos eu a perdi,
Levaram-na de mim
Feito o brinquedo preferido 
Arrancado das mãos de uma criança
E ainda hoje me pergunto: 
De quem terá sido a culpa?

Tempo


A partir de hoje, prometo fidelidade a mim mesma.
Não esperarei elogios para acreditar que sou capaz
Darei tempo ao meu próprio tempo
O tempo de minha alma
Agora percebo que sou como o pão
Preciso ter tempo para a minha fermentação
Sozinha num canto, eu cresço feito a massa de pão
Só assim, na quentura de um forno, cresço, tomo forma
Torno-me “pão”
Todas as coisas no mundo têm seu tempo
Que não é o tempo do relógio
Que nos torna robóticos
Máquinas ansiosas
E perdemos o tempo
Ou será que estamos perdidos no tempo?
O tempo do relógio humano
Engoliu o tempo das coisas
 O tempo de cada um
E assim, não respeitamos o nosso próprio ritmo
Não encontramos tempo para nós mesmos
Somos engolidos pelo tempo

Escrevo versos


Escrevo versos que ninguém lê
Escrevo... E não sei de onde vêm essas palavras
Apenas as sinto palpitando, fervilhando
Ouço música clássica... Minha alma se angustia
Sinto vontade de ir embora... 
Em busca de mim mesma, quem sabe
Vejo, ao longe, o castelo onde vivi
Danço entre as flores, feito borboleta
Ao som da orquestra celestial

Danço levemente porque sou alma

Não há couraça que me prende

A música me conduz e não há ansiedade

Há paz... Porque sou alma

Leve feito pétala

E vôo alto feito águia

Nos vastos céus de um mundo tão distante....


AN
     SI
           E
DA
        DE


A ânsia da idade...

A idade da ânsia...
O passado é tão presente
O presente, obscuro
E o futuro tão distante
Distante dos meus pés, dos meus olhos, da palma da minha mão...

sexta-feira, 11 de março de 2011

Sozinha (À Shiley Barreto)

A tua tristeza não tem nome, tampouco motivo
Os olhos que te devoram, são olhos felinos
Olhos que vêem uma face lânguida
Mas incapazes de perceberem tua alma partida.

De que te importa as bocas que escarnecem
Se é puro o teu proceder
Se o que te faz rir
E te traz alegria, não alegra a outra gente?

De que te importa os julgamentos
Se tudo que sofrestes, sofrestes sozinha
Se as lágrimas que na vida derramastes
Secaram sozinhas?

De que te importam as críticas
Se tudo que sentes, sentes sozinha
Tudo que vês, enxergas sozinha
Tudo que sonhas, sonhas sozinha
E tudo que amas, amas sozinha?

Lembre-se do que se
Esquecem os olhos famintos
Que devoram-te sem pedir permissão:
“Que da ostra fechada, sozinha, silenciosa
Nasce a pérola límpida e valiosa
E que a escuridão do fundo do oceano
Não causa-te a cegueira”.